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Redução na tarifa de energia deve tirar 0,15 ponto do IPCA neste ano

Fonte.: Arícia Martins | De São Paulo

Uma decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pode tornar o cenário inflacionário para este ano ainda mais tranquilo. Na quarta-feira passada, a agência autorizou a quitação antecipada do empréstimo para socorrer distribuidoras durante a crise hídrica de 2014, que tinha um custo mensal de R$ 703 milhões, repassado às tarifas.

Se a redução média de 3,7% apontada pela agência reguladora for totalmente incorporada nas contas de luz, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderá ficar até 0,15 ponto percentual menor no ano, estimam economistas.

Com a liquidação antecipada do financiamento, os reajustes tarifários nas 16 capitais pesquisadas pelo IBGE no IPCA serão menores do que o previsto anteriormente, de acordo com Renato Salinas, economista do Banco Votorantim. No total, o efeito negativo estimado no IPCA será de aproximadamente 0,15 ponto. Por isso, a instituição reduziu de 3,75% para 3,6% a projeção para a alta do indicador oficial de inflação em 2019.

Segundo o economista, o maior efeito negativo virá da concessionária Enel, que presta serviços em São Paulo, capital de maior peso no indicador. “O reajuste final em São Paulo será de 3,60%. Como o pré-pagamento da dívida tirou 4,9 pontos do aumento, ele seria de mais de 8% antes”, disse.

Considerando que as correções tarifárias das distribuidoras de energia ocorrem ao longo do ano, o impacto de baixa será diluído, observa o economista. O reajuste da Enel na capital paulista, por exemplo, ocorre em julho. “Não é que haverá reajustes negativos, eles só serão menores do que o esperado”, reforçou o economista do Votorantim.

Fabio Romão, da LCA Consultores, calcula que, se todo o alívio estimado pela Aneel fosse repassado ao consumidor, o impacto de baixa no IPCA deste ano seria reduzido, de 0,1 ponto. A consultoria, contudo, preferiu manter a projeção para a alta do indicador em 3,9% no período. A previsão para o aumento das contas de luz em 2019, de 8,2%, já é comportada se comparada ao registrado nos últimos anos, destaca ele.

A quitação do passivo das distribuidoras reforça o cenário de inflação bastante comportada ao longo do ano, afirma Romão, mas é preferível aguardar os primeiros reajustes tarifários após a decisão da Aneel para então ajustar as projeções inflacionárias. “Queremos ver se as distribuidoras vão mesmo incorporar esse impacto”, explicou.

Para André Muller, economista da AZ Quest, o efeito da redução dos custos das distribuidoras prevista para este ano é neutro no cenário para o IPCA, que deve avançar 4% em 2019. Isso porque os reajustes da Enel e da Light, ambos no Rio e já aprovados pela Aneel, ficaram acima do esperado. A previsão para as duas correções era de 6%, disse.

Para os clientes da Light, o reajuste para consumidores de baixa tensão foi de 11,5%, enquanto o aumento da Enel Rio neste mesmo segmento foi de 9,7%.