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Planos de Zema incluem a privatização da Cemig

Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou ontem que vai enviar um pacote de medidas para ser votado pela Assembleia Legislativa, entre elas uma que tratará da privatização da principal estatal mineira, a empresa de energia elétrica Cemig.

Zema disse que quer aprovar mudanças na estrutura do Estado para reduzir gastos e viabilizar a adesão de Minas, pretendida por ele, ao regime de recuperação fiscal do governo federal.

O regime prevê que os Estados em crise deixem de pagar por três anos o serviço da dívida com a União, mas exige que os governadores cortem despesas e privatizem estatais. “O que nós vamos fazer e precisamos fazer, porque Minas não tem outra saída a não ser essa, é uma redução drástica como nunca houve no Estado em relação ao custeio, principalmente de pessoal e de aposentadoria”, disse Zema em entrevista à TV Record Minas e ao site R7. “E isso vai envolver o envio para Assembleia Legislativa de várias leis que o Executivo vai propor”, afirmou. “Uma delas é privatizar as empresas estatais.”

Perguntado se a Cemig fará parte do projeto de privatização, o governador disse: “Sim, diria que o Tesouro Nacional, dentro da renegociação da dívida com o Estado de Minas, exige que empresas do Estado sejam privatizadas. Na lei não está claro o grau de exigência, mas é objetivo nosso que o Estado foque naquilo que realmente traz retorno para a população, que é saúde, segurança e educação”.

Durante a campanha eleitoral, Zema defendeu a privatização da Cemig, mas depois mudou um pouco o tom dizendo que a proposta seria discutida não no início do mandato, porque antes seria preciso melhorar a gestão e elevar o valor de mercado da companhia.

Em fins de novembro, Zema afirmou ao Valor que a participação do governo de Minas na Cemig valia cerca de R$ 2 bilhões e que, como o montante não chegava nem perto de cobrir o rombo nas contas de Minas, privatizá-la não era prioridade.

“Devido à urgência de outras medidas, essa questão de privatizá-las [Cemig e outras estatais] está em suspenso. Não vamos verificar isso em um ou dois anos de forma alguma. Isso vai ser coisa para o final do governo, até porque no caso de uma Cemig é preciso aprovação por dois terços da Assembleia Legislativa ou por um referendo. Então é algo que vai demandar esforço”, afirmou na época.

Mas na entrevista de ontem à Record Zema indicou que mudou de ideia e que quer dar prioridade ao assunto. Ele voltou a atacar a forma como, segundo ele, as estatais mineiras têm sido geridas.

“As empresas estatais, está clarissímo, são usadas com finalidade política para dar cargos a apadrinhados”, disse. “Quero ser o governador de Minas que mais vai perder poder no mandato. Quero entregar um governo muito mais enxuto porque essas empresas esqueceram que elas existem para atender os clientes.”

O governador ainda não indicou se ou quando vai substituir o atual presidente da Cemig, Bernardo Salomão, que foi indicado pelo então governador Fernando Pimentel (PT), que foi derrotado por Zema na eleição de outubro.

Ontem o novo governador reiterou descontentamento com o serviços da Cemig, ao dizer que a empresa demora dois anos para atender a pedidos de entrega de energia feitos por qualquer indústria.

Para aprovar a privatização e outras medidas de ajuste – incluindo a eventual adesão ao programa de recuperação fiscal -, Zema terá de negociar com diversos partidos. porque o Novo elegeu apenas 3 dos 77 deputados estaduais de Minas. Eleito com mais de 70% dos votos, o governador deverá, ao menos nos primeiros meses, não ter muita dificuldade para conseguir apoio das maiores legendas.

 

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