Para que a vantagem comparativa em energias renováveis que o Brasil tem resulte no desenvolvimento do país é preciso que haja demanda por produtos e serviços com baixo conteúdo de carbono. Se houver demanda mundial por hidrogênio verde, data centers movidos por energia renovável, o Brasil estará bem colocado.

Mas não faz sentido colocar a carroça na frente dos bois, ou seja, criar uma série de incentivos ao uso de energias renováveis sem ter um mercado mundial para esses produtos. Não dá para colocar na conta de luz da dona Maria o custo de você produzir alguma coisa com baixo conteúdo de carbono.

Existem caminhos para equacionar segurança da operação com menor custo?

A situação hoje é muito preocupante, porque leis e incentivos mal concebidos ou que já deveriam ter terminado há algum tempo nos levam a ter excesso de energia durante o dia, quando o sol está brilhando, e falta de energia quando o sol se põe, fazendo com que, às 19h, o sistema elétrico, frequentemente, tenha que ligar as usinas térmicas. Isso causa um desarranjo no setor em termos de confiabilidade.

É necessário descontinuar os subsídios que foram necessários no passado e não são mais. É preciso que os produtos tenham verdadeiros sinais de preço. É preciso fazer uma evolução e diminuir o custo global do setor elétrico, que está subindo.

Como isso impacta negócios altamente consumidores de energia como os data centers?

O que precisamos fazer é dar os sinais de preço adequados. Não é impondo restrições desnecessárias que nós vamos atrair investimentos ou empreendimentos no país. Isso vale para a energia e vale também para a água. O que tem que ser feito é cobrar o valor da água, dependendo da disponibilidade.