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Por Alessandra Saraiva | Do Rio
A mudança de bandeira tarifária de energia elétrica, mais barata, levou a inflação entre os mais pobres ao menor nível em 16 meses. É o que mostrou ontem a Fundação Getulio Vargas ao divulgar o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), que apura percepção de inflação entre famílias com ganhos até 2,5 salários mínimos mensais. O indicador caiu 0,25% em novembro, após subir 0,53% em outubro, a menor taxa desde junho do ano passado (-0,45%).
Para Andre Braz, economista da FGV, os sinais são de que o indicador entre os mais pobres pode terminar 2018 mais baixo que a inflação sentida por famílias com ganhos até 33 salários mínimos mensais, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR).
Em 12 meses até novembro, o IPC-C1 acumula alta de 3,80%, ante 4,24% do IPC-BR. Entre outubro e novembro, houve troca de bandeira de tarifa elétrica vermelha 2 para amarela, ou seja, de menor custo para o consumidor. Isso intensificou deflação de tarifa de eletricidade residencial (de -0,91% para -6,04%) entre outubro e novembro, com impacto na variação de preços do grupo Habitação (de -0,11% para -1,10%).
Braz lembra que já foi anunciada bandeira verde para dezembro – o que significa novas reduções para energia elétrica, com impacto no IPC-C1 do mês.
Apesar da contribuição recente da energia para conter o indicador, os preços administrados tiveram grande contribuição na formação da inflação do ano.
Os alimentos, pelo segundo ano consecutivo, foram a “âncora” a frear avanço da inflação, devido à boa oferta – o que reduz preços. Entre outubro e novembro, a inflação dos alimentos diminuiu de 1,17% para 0,34% e acumula alta de 3,78% em 12 meses no IPC-C1.
Os alimentos respondem por 31% do indicador inflacionário entre os mais pobres, contra 24% no IPC-BR. Para o ano que vem, a trajetória do IPC-C1 dependerá da evolução de preços dos alimentos novamente, avaliou Braz.
O economista comentou que as projeções de mercado apontam atividade mais aquecida para 2019, o que normalmente eleva preços. Braz acha difícil o país ter terceiro ano consecutivo bom para agricultura.
No total, sete das oito classes de despesa componentes do índice tiveram deflação ou inflação mais baixa em novembro. Além de Habitação e Alimentação, são os casos de Transportes (de 0,71% em outubro para -0,42%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,38% para -0,17%), Vestuário (0,73% para 0,14%), Educação, Leitura e Recreação (0,37% para 0,27%) e Comunicação (0,12% para 0,07%). Despesas Diversas teve acréscimo (de -0,03% para +0,03%).
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