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Confira aqui textos autorais dos executivos da Abradee e as principais notícias da entidade.
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Fonte.: TOP NEWS ENERGIA / Luciana Collet
São Paulo, 14/10/2020 – Contra fraudes no consumo de energia, inteligência artificial. Essa é uma das estratégias da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para combater os famosos “gatos”, tecnicamente conhecidos como perdas comerciais. A distribuidora da estatal mineira (Cemig D) começa a utilizar este mês um software usado por concessionárias de serviços públicos de eletricidade, água e gás com o objetivo de identificar padrões de irregularidade – seja fraude, furto ou defeito no medidor.
A partir do processamento de um histórico de dados mensais dos mais de 8,5 milhões de clientes e de outras informações inseridas pelos próprios técnicos da companhia, o software estima a probabilidade de existência de algum tipo de irregularidade em determinada unidade consumidora, seja falha ou manipulação no medidor, seja uma ligação irregular ou outro tipo de problema, e indica quanto vale a recuperação da perda. Com isso, e tendo em vista os dados locacionais de todas as potenciais ocorrências espalhadas nos 774 municípios da área de concessão, o sistema ajuda na definição de uma estratégia logística de forma a garantir melhor custo-benefício no trabalho das equipes de inspeção.
Com isso, a Cemig espera aumentar o patamar de qualidade na prospecção dos alvos de inspeção e otimizar recursos alocados nas atividades de recuperação de energia. “A nossa expectativa é bastante alta, porque esse sistema nos permitirá maior assertividade na nossa seleção de alvos para realização de inspeções, para utilizar os nossos recursos, e realmente conseguir reduzir as perdas comerciais, ou seja, incrementar a energia efetivamente medida”, afirmou ao Broadcast Energia a superintendente de Proteção de Receita da Cemig, Silvia Martins Batista.
O novo sistema, de origem nacional, do Choice Group, já é adotado por outras distribuidoras dentro e fora do País, como Light e Enel no Brasil, Grupo EPM, na Colômbia, Saudi Electricity na Arábia Saudita e Tata Power na Índia.
Questionado sobre um potencial retorno que o novo sistema poderia proporcionar à Cemig, o diretor-presidente da Choice, Denis Maia, citou o mais recente desempenho reconhecido publicamente com o sistema da empresa: no grupo colombiano EPM, que opera cinco concessões de distribuição de energia, com cerca de 6 milhões de consumidores. Segundo ele, após a implementação do software, a empresa aumentou a recuperação de energia em US$ 53 milhões, num prazo de três anos. “A Cemig tem um trabalho muito forte, mas dado o tamanho, espero um potencial de retorno elevado. Não é matemática simples, mas pode tirar pelo grupo EPM”, comentou.
O investimento na implementação do software, adquirido por meio de licitação pública, foi de R$ 3,6 milhões e faz parte de um plano mais abrangente de recuperação de perdas da Cemig, que supera R$ 170 milhões. Neste programa está incluída também a regularização de redes clandestinas, troca de medidores antigos e instalação de nova infraestrutura avançada de medição, com meta de instalar mais de 400 mil medidores inteligentes na área de concessão até o final do ano que vem, adicionais aos mais de 20 mil atualmente existentes.
Com esses equipamentos, a companhia passará a ter acesso a um volume maior de informações sobre cada consumidor e sobre a rede, dados que também devem alimentar o software de seleção de inspeções. “(As informações com a telemedição) retro-alimentam o sistema de inteligência artificial para apurar cada vez mais adequadamente essa seleção”, disse.
Perdas x Pandemia
O programa de combate às perdas da Cemig D foi estruturada antes mesmo do início da pandemia, e se tornou ainda mais relevante com o surto global do novo coronavírus. Com um nível de perdas comerciais que alcançou 12,48% do mercado faturado no fim de 2019, a distribuidora estava a 5,4 pontos porcentuais de sua meta regulatória (7,04%), isto é, do volume de perdas que estão incorporados nas tarifas e cujos custos são cobertos pelas faturas. Por isso, a empresa já havia estabelecido como objetivo buscar o enquadramento das metas regulatórias, abaixo dos 7%.
Mas uma das consequências da pandemia para as distribuidoras de energia foi justamente a expansão das perdas, associada à queda do faturamento e ao aumento da inadimplência. “Percebemos um aumento das perdas já nos meses de maio, junho e julho, e com as iniciativas adotadas conseguiremos segurar um crescimento, ou seja, manter um resultado de perdas não técnicas similar ao de 2019”, disse Silvia. De acordo com ela, a companhia trabalha atualmente com a perspectiva de uma perda não técnica de descobertura de cerca de 1,2 Gwh.
Além do aumento de fraudes, Silvia explica que a redução do mercado influencia no indicador de perdas comerciais, já que o cálculo é feito com base no mercado faturado. “Começamos a perceber um retorno dessa carga, mas neste ano, provavelmente, o resultado das perdas vai ser próximo do ano passado”, reforçou.
Segundo a superintendente da Cemig, se a empresa não tivesse já adotado as medidas de enfrentamento das perdas, o resultado seria pior. E mesmo que espere avanços no indicador para 2021, ela considera que será pouco provável alcançar a meta regulatória até o fim do ano que vem.
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