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O clima muda e todos temos que nos adequar

O clima muda e todos temos que nos adequar

Artigo publicado por Marcos Madureira em MegaWhat

Historicamente, o período chuvoso no Brasil remete não só às bonanças trazidas pelas águas, mas também aos impactos causados pelas chuvas e ventos fortes, especialmente nas zonas urbanas. Até que cheguem “as águas de março fechando o verão”, muitas cidades brasileiras lidam com as consequências desses eventos. Porém nos últimos tempos presenciamos tempestades que arrasam infraestruturas, bairros inteiros, residências e o que mais estiver pela frente. Lembro aqui do desastre na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, que devastou vilas e tirou inúmeras vidas.

Esses eventos climáticos extremos estão cada vez mais intensos, frequentes e de difícil previsão, no Brasil e no mundo. Não dá para ignorar! Da mesma forma, não se pode ignorar que planejar medidas preventivas a tais impactos é tarefa de toda a sociedade, com a união e diálogo de todas as instituições. É um dever de casa de nação, cada um fazendo a sua parte pelo todo. O bem comum.

Nesse sentido, as redes elétricas são parte importante da infraestrutura, especialmente das cidades, que precisam estar preparadas e adaptadas para enfrentar essas mudanças climáticas. O segmento possui indicadores de qualidade muito bons, dentro da margem regulatória estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em relação ao contexto global. Agora, temos o desafio de seguir aprimorando também no contexto dos eventos extremos. As distribuidoras de energia elétrica buscam medidas, em diferentes frentes, a fim de mitigar impactos, aprimorar e agilizar a operação no atendimento às ocorrências.

Para isso, são fundamentais os investimentos em tecnologia e automação das redes elétricas, aumentando a resiliência desses ativos, além do compartilhamento de melhores práticas e experiências nos planos e ações de contingência entre as distribuidoras. E não apenas dentro do Brasil: temos buscado, também fora do país, a troca de experiências com empresas distribuidoras norte-americanas, canadenses e de toda a América Latina. Para 2024, temos a previsão de implantar um programa intenso de compartilhamento de experiências e ações realizadas antes, durante e após os eventos extremos.

O recente estudo realizado pelo Climatempo e pela consultoria Sinapsis para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra alguns caminhos. Intitulado “Implementação de tecnologias inovadores para melhoria da qualidade da distribuição considerando resiliência às mudanças climáticas”, o trabalho aborda tecnologias e soluções para uma rede mais resiliente, passando por infraestrutura com maior capacidade de absorção dos impactos e maior eficiência na recuperação das redes.

Outra medida importante que vem sendo construída pelo segmento de distribuição no Brasil é o compartilhamento de recursos e funcionários entre as empresas durante eventos extremos. São ocasiões que demandam um empenho muito maior de equipes nas ruas para recompor o serviço e, muitas vezes, até mesmo reconstruir toda a infraestrutura das redes. Por isso, em situações excepcionais em que o contingente convencional não suporta toda a demanda, essa colaboração entre distribuidoras é valiosa para o atendimento às regiões atingidas.

E sobre essa necessidade de união de forças, retomo aqui a importância de que a sociedade e as instituições se mobilizem de forma conjunta em iniciativas preventivas e de contingência durante os desastres. Como exemplo, destaco a importância da atuação das defesas civis locais, abrindo os caminhos para a operação mais ágil e segura das equipes de eletricistas. Ainda vale falar da necessidade de revisão, por parte das autoridades locais, da arborização adequada nas cidades, com espécies que possam resistir a temporais e impactar menos a infraestrutura urbana. É importante analisar algumas medidas positivas que já foram tomadas em alguns municípios brasileiros com a substituição de árvores de maior porte por espécies mais adequadas à zona urbana, trazendo resultados positivos pela redução de impacto com a infraestrutura urbana. São alguns exemplos que reforçam que a união de todos é o único caminho para combater essas adversidades.

Marcos Madureira, presidente da Abradee

Fonte: MegaWhat

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